sexta-feira, 11 de março de 2011

Atuação polivante de um ator que promete

Do teatro ao cinema, passando por séries de TV e comerciais Johnnas Oliva revela suas divertidas experiências e anseios profissionais futuros.

Por José Luís de Freitas*

Variações Sobre o Mesmo Tema

O ator Johnnas Oliva, 29 anos era na infância levado por seu pai, Francisco Chagas também ator, para realizar testes publicitários, porém o sonho de Johnnas era se tornar um piloto profissional de Kart. Nos finais de semana seu pai o levava para acompanhar suas filmagens e atuações, o incentivo paterno permeava estudios de filmagens, publicidade e teatros paulistanos.

Johnnas relembra que ainda na infância seu pai levou-o para acompanhá-lo num sitio do interior de SP, curioso o menino lia e começava a compreender os textos cênicos de nada mais, nada menos do que William Shakeaspeare. Ao lados de diretores de arte e figurinistas da época.

Mas tudo isso mudou por influência de seus primos: Sérgio e Samuel, os divertidissímos e infelizmente já falecidos baterista e baixista do Mamomas Assassinas, a guinada para os palcos ocorreu depois do sucesso estrondoso dos primos que motivou Johnnas a estudar e a aprender a tocar violão, baixo, bateria e teclado. Já na adolescência com 17 anos e vocalista de sua própria banda, sentiu a necessidade de aprimorar sua presença de palco e resolveu fazer um curso de teatro. Começava ali sua carreira artística, precisamente na Escola Teatro Macunaíma, entre outros cursos de teatro, fez Stúdio Fátima Toledo curso direcionado para interpretação em cinema, e depois especializando-se por mais 7 meses na renomada Oficina de Atores da TV Globo em 2008.

Sua primeira aparição no teatro profissional foi no musical “Francisco e Clara” inspirado na vida de São Francisco de Assis e Santa Clara, apresentado no antigo Centro Cultural Santa Catarina, localizado na Av. Paulista, a qual recorda-se com mais entusiasmo: “Foi sensacional fazer essa peça, eu cantava ao vivo e adorava as cenas”.

Entre as 13 peças que Johnnas participou as três que mais “guarda com muito carinho” são: O musical Avoar, e o infantil Gato malhado e Andorinha Sinhá, do autor Jorge Amado, dirigidas por Vladimir Capella, e No meio do caminho a qual foi positivamente criticado nas cidades de Curitiba e São Paulo.


Cinema pra que te quero
Pelo começo do texto é possível imaginar que Johnnas inciou-se no cinema com muita facilidade. Pois na bagagem, carrega um portfólio de 29 curtas metragens, paralelo as dezenas de comerciais publicitários e de diversos estilos e clientes. Soma-se a isso o bom transito no teatro e os aconselhamentos de um pai experimentado. Porém sua dedicação ao cinema começou em 2003 e o ator revela: “Eu que corri atrás no começo, lia anúncios de curtas universitários e fui fazer o teste. Passei! Daí um curta ia chamando o outro, os diretores assistiam, gostavam e recebia novos convites para participar das produções seguintes”.





4 vezes 1
Johnnas atua no teatro, publicidade, séries de TV e no cinema. As diferenças de comunicação e estilos de linguagens são amplamente diversos, mas não deixam de ser complementares, questiono Johnnas sobre sua aprendizagem, ele faz uma pausa sistêmica, como se estivesse incorporando um professor e explica: “No Teatro você dá a cara para bater e não tem o “corta!” para que possamos refazer. O teatro alimenta e forma o ator, tem esse lance de estar lá e do ser agora. Não tem como voltar e refazer, existe o improviso. Na publicidade é um set de cinema reduzido ou não, filmado em 35 mm ou 16 mm igual ao cinema, porém em no máximo dois dias. É rápido e passa por várias fases, hoje em dia para fazer um filme publicitário as produtoras utilizam o lado natural do ator. No cinema tem o lance da paciência, você tem tempo para construir e estudar o personagem, ensaia e as vezes tem preparador para o elenco. Você trabalha com planejamento e é minimalista, no cinema o que vale para o ator é ter verdade em seu personagem é carregá-lo nos olhos. No teatro você precisa de projeção de voz para a senhora que está na última poltrona possa te ouvir e compreender o que se passa no palco e no cinema a câmera vai até você. Eu sou ator em tempo integral, não importa qual seja o meio, me dedico com afinco e exclusividade”.


Influências cinematográficas e fontes de inspiração
Após ouvir as experiências dos testes aos quais Johnnas se submeteu, ficou evidente que além de almejar um salto qualitativo em sua trajetória, o ator está sempre de olho nos trabalhos e produções dos diretores que tem grande repercussão no cinema nacional, devido principalmente a sua qualidade estética e o cuidado com sua fotografia e direção de arte, entre os mais citados aparecem na lista de Johnnas: Fernando Meirelles, Walter Salles, Ugo Giorgetti, Matheus Nachtergaele, Selton Mello, Nando Olival, João Fonseca, Flávia Moraes, Sérgio Machado, Laís Bundansky, Beto Brant, Tata Amaral, Anna Muylaert, Philippe Barcinski e José Eduardo Belmonte.


Humor e séries de TV um laboratório de aprendizagens
Tô frito, direção de Flávia Moraes
A série foi exibida na MTV e na Band, nela Johnnas interpreta Bira: “Ele é totalmente diferente de mim. Fiz um laboratório, construímos um passado para ele. Ele foi um office boy e subiu de cargo, para o departamento de arquivo e seu desejo era subir até conseguir ser dono da editora. Fui pesquisar na Av. Paulista, lá observava como andavam e agiam os office boys, peguei ônibus com os caras, acompanhei os gestos das mãos durante os cumprimentos, suas gírias, os detalhes das roupas e preferências musicais, observava e anotava os detalhes”.
Curiosidade: Johnnas cria um set list do imaginário de seus personagens, para auxiliar-lhe: “aquilo vai me dando inspiração, olhares, sentimentos e gestual da face”.



Desprogramado
, exibido recentemente no Canal Multishow, outro personagem que estimula o saudável hábito de rir é um gay de classe média alta: “A produtora pediu para que eu tingisse o cabelo de loiro e perdi bastante peso. Fiz o Anthony Silver, um gay fino recém-chegado de Nova York e trabalha como diretor de TV. Frequentei um shopping de SP e tenho alguns amigos gays que me auxiliaram em sua criação. Ele tinha três formas de se comunicar: quando estava bravo, quando dirigia e quando estava apaixonado. Tudo foi tecnicamente construído”. Set list de Anthony: Lady Gaga, Madonna, Fergie e um monte de pop.


É notório que com a capacidade multidisciplinar e dedicação apaixonada de Johnnas Oliva, ganham todos que atuam e principalmente tem o privilégio de acompanhar seus trabalhos. Não restam dúvidas sobre o menino que começou lendo Shakeaspere e ouvindo Mamonas Assassinas. Em breve vamos ver seu talento nas telonas ou nas telinhas do Brasil é questão de tempo apenas. Talvez boa parte dos diretores ainda sofram de miopia ou não desejam correr riscos. Mas um fato do econômes pode fazer isso mudar rápido. Só ganha muito quem não tem medo de tentar o novo. E Johnnas Oliva é um ator que está provando isso a cada novo personagem que interpreta. Alguém quer apostar?

José Luís de Freitas é documentarista e jornalista com pós graduação em Gestão e Desenvolvimento Cultural. Atualmente é estudante do Bacharelado Interdisciplinar em Ciência & Economia na Unifal

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