Descansa. Nem tu sabes, nem eu digo!
A Lua, que baixou do céu ao lago,
Não adivinha se a deixei... se a trago
Dentro da alma, como um sonho antigo.
O néctar, que eu procuro e que maldigo,
O vinho, que abençôo a cada trago,
Este veneno com que me embriago...
É mistério dum só: irá comigo!
Por que suplicas que me dê, que fale:
— Porque não sabes quanto a noite vale
E não calculas como é bom assim!
Bem sinto a dor que o teu olhar goteja;
Mas o Princípio, por melhor que seja,
É pai dum monstro, que se chama Fim!
Querós Ribeiro - Do livro: "Líricas Portuguesas", Portugália Editora, seleção, prefácio e notas de Cabral do Nascimento, 2ª ed., 1957, Portugal
Nenhum comentário:
Postar um comentário